Castelos de areia: os primeiros povoados fortificados
As primeiras evidências de conflitualidade, no seio dos antigos camponeses alentejanos, aparecem no Neolítico final, na segunda metade do IV milénio a.C., e traduzem-se sobretudo na fundação de povoados delimitados por sistemas de fossos que eram, certamente, acompanhados por muralhas de terra, provavelmente de adobe.
Alguns destes povoados extinguiram-se, ainda no Neolítico final, enquanto outros cresceram e perduraram até aos finais do III milénio a.C..
Estes, atingiram, em alguns casos, dimensões da ordem de uma ou mais centenas de hectares e constituíram-se, naturalmente, como centros económicos, políticos e cerimoniais, em cuja órbita se organizaram povoados de menor entidade.
Ao contrário da fase anterior (Neolítico antigo e médio), estes grupos praticavam, a par da pastorícia, uma agricultura em larga escala (cereais e leguminosas), ocupando finalmente os melhores solos agrícolas da região que, como vimos, na fase anterior, foram preteridos a favor das áreas graníticas, menos interessantes, em termos de potencial agrícola.
Estes novos assentamentos traduzem, naturalmente, um grande crescimento demográfico e as tensões daí decorrentes, sobretudo se considerarmos, em paralelo, a degradação das paisagens e dos solos, provocada pelo pastoreio e pelas práticas agrícolas/florestais.
Os dados disponíveis sobre esta época espelham, de forma muito sugestiva, a complexificação social e anunciam, aparentemente, as sociedades hierarquizadas que as Idades dos Metais concretizaram.
Note-se que estes povoados foram contemporâneos da construção das largas centenas de antas que pontuam, ainda hoje, o Alentejo Central