São muito raros os povoados atribuíveis, no Alentejo Central, ao Bronze antigo e médio, confirmando uma tendência que já era notória na segunda metade do III milénio a.C..
Isto significa que, durante perto de mil anos, a região esteve quase deserta, dando, à Natureza, a oportunidade de regenerar os solos esgotados, voltando os arvoredos a recobrir as paisagens desarborizadas, anteriores à crise demográfica.
São também muito raras as sepulturas (tipo cista), típicas desta época, noutras áreas do Sul de Portugal; em contrapartida, conhecem-se bastantes casos de reutilização de monumentos mais antigos (antas e sepulturas protomegalíticas).
Por outro lado, estes grupos fizeram deposições votivas junto a menires e recintos megalíticos, como parece ter sucedido no Arneiro dos Pinhais, a cerca de 10 km do Freixo do Meio. Eles andaram por lá..
O Tempo dos Guerreiros
Nos finais da Idade do Bronze, por volta do ano mil a.C., o Alentejo Central volta a assistir à fundação de novos povoados fortificados (alguns sobre as ruínas de povoados calcolíticos), a maioria dos quais ocupando os pontos mais elevados da região (povoados de cumeada).
Na região, a maior concentração deste tipo de sítios, vamos encontrá-la nos três pontos mais elevados da serra d'Ossa: Evoramonte, S. Gens e Castelo.
No que diz respeito à paisagem, depois da recuperação das florestas (e dos solos) proporcionada pela crise demográfica que, iniciada no terceiro milénio, atravessou boa parte do segundo, voltamos, logicamente, a ter algum impacte; porém, até à implantação do domínio romano, nunca mais a pressão humana atingiu, nem de longe nem de perto, os valores imediatamente anteriores àquela crise.
Se considerarmos que, só a partir do final do primeiro milénio, com a romanização, a economia agropastoril passou a produzir excedentes para exportação, é razoável que o impacte se tenha exercido apenas nas proximidades imediatas dos povoados e a maior parte do Alentejo central se tenha mantido bastante selvagem.
Resultando de movimentos de povos ou apenas do reagrupamento do povoamento remanescente, estes novos povoados representam, na verdade, um novo paradigma. São sociedades hierarquizadas, onde se impuseram elites com acesso a armas de bronze, sobretudo espadas, mas também elmos e escudos, assim como a cavalos e carros de guerra...
Em muitas estelas funerárias dessa época, os guerreiros foram representados com a parafernália bélica, acompanhada quase sempre por um espelho e um pente.
A população, porém, não voltou certamente a atingir os níveis do Neolítico final/Calcolítico. E a floresta autóctone beneficiou naturalmente desta redução.
O Bronze final foi a época em que se impuseram sociedades cada vez mais complexas, hierarquizadas e eventualmente proto-estatais, dominadas por guerreiros profissionais, uma elite dispondo de armas de bronze, cavalos, carros de guerra... E jóias de ouro.
A par dos grandes povoados de altura, que emergiram na parte final da Idade do Bronze, conhece-se uma rede de pequenos sítios, sem muralhas, cuja cronologia parece, em muitos casos, anteceder a fase de acastelamento e, em outros, ser contemporânea.
Nos arredores do Freixo do Meio não se conhece, até à data, nenhum povoado fortificado desta época. O mais próximo, com os dados atualmente disponíveis, é o Alto do Castelinho da Serra, a cerca de 20 km.
Porém, existem algumas evidências de comunidades da Idade do Bronze, no raio de 10 km: um pequeno povoado aberto, na Courela da Freixeirinha (inédito) e um depósito ritual no suposto cromeleque do Arneiro dos Pinhais e, eventualmente, algumas sepulturas individuais no Barrocal das Freiras/Lobeira.
A deposição ritual, nesta época, de pequenas taças, junto de menires neolíticos, verificou-se igualmente nos menires de S. Sebastião, Évora, e no menir da Caeira, Arraiolos.
No Bronze Final foram produzidas, no Sudoeste peninsular, as chamadas estelas de guerreiro, algumas das quais reutilizaram menires neolíticos. Conhecem-se igualmente materiais da Idade do Bronze no espólio de algumas antas e sepulturas protomegalíticas, implicando uma reutilização desses monumentos.
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